Humorista Leo Lins e cantora Preta Gil

Leo Lins debochou do câncer de Preta Gil durante show, mesmo após ter sido condenado à prisão. É mais uma polêmica envolvendo o comediante. O episódio aconteceu no Teatro Gazeta, em São Paulo, durante uma apresentação para cerca de 720 pessoas.

No palco, Leo Lins relembrou o processo movido por Preta em 2019, depois que ele a chamou de porca em um programa de TV. Ele contou o episódio com tom sarcástico e afirmou que, logo após o processo, ela descobriu o câncer — algo que, segundo ele, seria uma resposta de Deus, que teria ficado do seu lado. Disse ainda que Deus teria gostado da piada e completou que, pelo menos, Preta Gil emagreceu por causa da doença.

Os celulares do público foram lacrados em sacos pretos na entrada, para evitar o vazamento de imagens e vídeos do espetáculo. Foram 70 minutos de apresentação em que o humorista voltou a fazer o que chama de piadas sobre temas como racismo, pedofilia, nazismo, capacitismo, gordofobia e HIV.

Foi justamente por piadas como essas que Leo Lins foi condenado, no início de junho, a oito anos e três meses de prisão, em regime fechado, além de uma multa de cerca de R$ 1,4 milhão e uma indenização de mais de R$ 303 mil por danos causados à sociedade. A decisão foi tomada pela 3ª Vara Criminal Federal de São Paulo, após pedido do Ministério Público Federal.

O processo teve como base um vídeo publicado em 2022 no canal do comediante no YouTube, que chegou a ultrapassar 3 milhões de visualizações antes de ser retirado do ar. No conteúdo, Leo Lins fez piadas ofensivas contra negros, idosos, pessoas obesas, portadores de HIV, indígenas, nordestinos, judeus, evangélicos, pessoas com deficiência e LGBTQIA+.

De acordo com a Justiça, esse tipo de material contribui para espalhar intolerância, preconceito e violência na sociedade. A sentença também reforçou que a liberdade de expressão não dá permissão para comentários discriminatórios ou que desrespeitem a dignidade humana. A corte destacou ainda que o fato de as piadas terem sido feitas em um ambiente de diversão, como um show de humor, não diminui a gravidade do que foi dito.

Durante a apresentação citada no processo, o próprio humorista reconheceu o caráter preconceituoso do que dizia e os riscos legais que corria, mas escolheu seguir com as declarações.

Por meio de sua assessoria, Leo Lins demonstrou preocupação por piadas contadas no palco renderem condenações equivalentes às aplicadas em crimes como tráfico de drogas, corrupção ou homicídio. Disse ainda que mantém plena confiança no Poder Judiciário e que vai recorrer da decisão, confiando que a “injustiça seja reparada em segunda instância”, segundo comunicado oficial.

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Escrito por

Daniel Neblina

Jornalista, trabalho com entretenimento há quase 10 anos, com passagens pela Câmara dos Deputados e Observatório da TV. Além disso, por mais de dois anos fui repórter de Leo Dias.