Preta Gil faleceu no último domingo, dia 20, aos 50 anos, em Nova York, nos Estados Unidos, onde fazia um tratamento experimental contra o câncer. Desde então, a família da artista tem lidado com os trâmites burocráticos exigidos para a repatriação do corpo ao Brasil. Até o momento, ainda não há definição sobre velório ou sepultamento.
De acordo com orientações do Consulado-Geral do Brasil em Washington D.C., o transporte do corpo a partir dos Estados Unidos só pode ocorrer com a atuação conjunta de uma funerária americana e outra brasileira. Ambas são responsáveis por viabilizar o processo de embarque, desembarque e regularização de toda a documentação necessária, segundo o jornal Extra.
Entre os documentos exigidos estão o registro de óbito emitido em território norte-americano, o certificado de traslado do corpo, o certificado de embalsamamento conforme normas sanitárias locais e um atestado que comprove que a morte não foi causada por doença contagiosa. Caso o óbito tivesse ocorrido por uma enfermidade infecciosa, seria obrigatório o uso de urna metálica hermeticamente lacrada.
Todos os papéis devem ser apresentados a uma autoridade estadual americana, conhecida como Secretary of State. Além disso, o transporte só pode ser autorizado após liberação formal da administração do aeroporto onde ocorrerá o embarque. Essa autorização é responsabilidade da funerária americana.
Em situações em que a família opte pela cremação, são exigidas permissões específicas. As cinzas precisam ser transportadas em urna impermeável, lacrada e devidamente identificada. Todos os custos envolvidos no processo de repatriação, incluindo a contratação das funerárias e taxas locais, são de responsabilidade da família.
No Brasil, o translado de restos mortais humanos é regulamentado pela Resolução nº 33/2011 da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). O artigo 7º da norma estabelece que o transporte deve ocorrer exclusivamente no compartimento de cargas e que o corpo deve ter passado por procedimentos de conservação. Já o artigo 9º determina que qualquer acidente ou anormalidade durante o percurso deve ser imediatamente comunicado às autoridades sanitárias dos portos, aeroportos ou fronteiras.
Preta
Preta Gil lutava contra um câncer no intestino desde 2023. Em dezembro de 2024, passou por uma cirurgia de 18 horas no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, para retirada de tumores. Em maio de 2025, seguiu para os Estados Unidos em busca de um tratamento alternativo. “Entro em uma fase difícil. No Brasil, já fizemos tudo que podíamos. Agora, a minha chance de cura está no exterior, e é para lá que eu vou”, declarou, na época, em entrevista ao programa Domingão com Huck, da TV Globo.
O falecimento da artista gerou forte comoção no meio artístico, político e entre seus milhões de fãs. Em nota divulgada no perfil oficial de Gilberto Gil, pai da cantora, a família agradeceu as mensagens de carinho e pediu compreensão diante da dor. “É com tristeza que informamos o falecimento de Preta Maria Gadelha Gil Moreira, em Nova Iorque, onde estamos neste momento cuidando dos procedimentos para sua repatriação ao Brasil. Pedimos a compreensão de tantos queridos amigos, fãs e profissionais da imprensa enquanto atravessamos esse momento difícil em família. Assim que possível, divulgaremos informações sobre as despedidas”.
Carioca de nascimento, embora com raízes baianas, Preta Gil construiu uma trajetória marcante na cultura brasileira. Em 2009, fundou o Bloco da Preta, que se tornou um dos maiores megablocos do carnaval carioca. Em 2018, levou 760 mil foliões ao Centro do Rio. Também realizou o sonho de desfilar como rainha de bateria da Estação Primeira de Mangueira, sua escola do coração, em 2007. A agremiação homenageou a artista nas redes sociais e disse que ela será lembrada como alguém “radiante, inesquecível, com a alma acesa”.
Luto oficial
Diante da perda, a Prefeitura do Rio de Janeiro e o Governo do Estado decretaram três dias de luto oficial. O prefeito Eduardo Paes afirmou que a morte de Preta Gil é “daquelas coisas que deviam ser proibidas de acontecer” e destacou a energia positiva que ela transmitia por onde passava. Já o governador Cláudio Castro disse que a artista foi um símbolo de representatividade na cultura nacional e ressaltou seu legado em prol das causas sociais e da diversidade.