O rapper Mauro Davi dos Santos Nepomuceno, conhecido como Oruam, deixou o Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, no final da tarde de segunda-feira (29/9), após 69 dias preso. Aos 25 anos, o artista obteve liberdade após decisão do ministro Joel Ilan Paciornik, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que revogou sua prisão preventiva.
Na primeira noite fora da prisão, o cantor compartilhou em suas redes sociais registros cercado por lanches de uma rede de fast food, usando uma máscara do Homem-Aranha. “Eu estava doido para comer isso”, escreveu. Em outra publicação, falou sobre seus planos: “Quero lançar minhas músicas, lançar meu creme de cabelo e ficar tranquilo”. Ele também refletiu sobre o período na prisão: “Eu via Deus nas grades, via Deus no chão de concreto, via Deus nos mínimos detalhes”.

Entenda o caso
Oruam foi preso em 22 de julho, depois de policiais civis cumprirem um mandado de busca e apreensão em sua residência, no bairro do Joá, zona sul do Rio. Durante a operação, houve confronto com agentes que tentavam apreender um adolescente investigado por tráfico de drogas e roubo de veículos. Segundo a Polícia Civil, Oruam e outras pessoas teriam lançado pedras de até 5 kg contra os policiais, atingindo um deles nas costas, além de danificarem uma viatura e ofenderem os agentes. O artista foi indiciado por sete crimes: tráfico de drogas, associação para o tráfico, resistência, desacato, dano, ameaça, lesão corporal e tentativa de homicídio qualificada.
A decisão do STJ considerou que os argumentos para manter Oruam preso eram genéricos e vagos, incluindo a repercussão do caso na mídia e publicações nas redes sociais. O ministro ressaltou que a prisão preventiva é medida excepcional, aplicável somente quando indispensável, e destacou que Oruam é réu primário, tem residência fixa, se apresentou espontaneamente à polícia e não teve sua periculosidade demonstrada de forma concreta.
A liberação do rapper aconteceu após a expedição do alvará de soltura, cumprido às 17h08, e contou com a presença de fãs, familiares, a noiva Fernanda Valença e artistas como MC Poze do Rodo e MC Cabelinho. Oruam usava máscara do Homem-Aranha ao deixar a unidade prisional e comemorou sorrindo diante da multidão.
O cantor responderá ao processo em liberdade e deverá cumprir medidas cautelares estabelecidas pela Justiça, incluindo: comparecimento periódico em juízo, manutenção de residência fixa no estado do Rio de Janeiro, proibição de acesso ao Complexo do Alemão e outras áreas de risco, restrição de contato com os demais acusados e o adolescente envolvido, recolhimento domiciliar noturno das 20h às 6h, uso de tornozeleira eletrônica e proibição de deixar a comarca por mais de sete dias sem autorização judicial.
Oruam iniciou sua carreira em 2021, na Cidade de Deus, e ganhou notoriedade em 2022 com a música “Invejoso”, assinando contrato com a gravadora Mainstreet, de Orochi. Desde então, acumulou hits e se apresentou em grandes festivais, como Rock in Rio e Lollapalooza em 2024, ano em que foi eleito “Revelação do Trap” pelo portal Sobre Funk. Nas redes sociais, o artista costuma exibir joias, carros de luxo, festas e um gato da raça Savannah F1 avaliado em até R$ 100 mil.
O rapper é filho de Márcio Nepomuceno, conhecido como Marcinho VP, apontado como um dos líderes do Comando Vermelho, e sobrinho de Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, condenado pelo assassinato do jornalista Tim Lopes. Oruam possui tatuagens em homenagem aos dois, mas sempre negou envolvimento em atividades criminosas.
A defesa do artista afirmou que nunca houve evidências concretas de prática de crimes por parte dele e que o cantor se submeterá às medidas cautelares e provará sua inocência durante o processo.