Cantor sertanejo com extensa ficha criminal é assassinado, aos 47 anos, com oito tiros

Crime ocorreu dentro da residência do artista em Campo Grande; autores ainda não foram identificados.
Cantor sertanejo Yuri Ramirez Cantor sertanejo Yuri Ramirez
Cantor Yuri Ramirez - Foto: Reprodução/Youtube

O cantor e compositor Iuri Gomes Oliveira Ramires, conhecido artisticamente como Yuri Ramirez, de 47 anos, foi morto com oito tiros dentro da residência onde morava, no bairro Santa Emília, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, na manhã do último sábado (30). Dois homens armados invadiram o imóvel e, após se identificarem como policiais para a moradora que vivia com o cantor, seguiram diretamente ao quarto onde Ramirez estava e o executaram.

A vítima morreu no local, com oito disparos. A perícia recolheu 12 cápsulas de pistola na cena do crime. Após o assassinato, os autores fugiram e até o momento não foram identificados pela Polícia Civil, que trata o caso como homicídio qualificado e mantém as investigações em andamento na Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (Depac) Cepol.

Nascido em Campo Grande, Yuri Ramirez iniciou sua trajetória musical ainda na adolescência, com forte influência do rock, mas posteriormente migrou para o sertanejo por influência do pai. Em 2020, formou uma dupla sertaneja e se apresentou em diversos estados, como Mato Grosso do Sul, São Paulo e Mato Grosso. Três anos depois, decidiu seguir carreira solo, lançando os singles “Boca Errada” e “Novo Engano” — este último em outubro de 2024 — contando com produção de Amarelo, profissional conhecido no meio sertanejo.

Ramirez chegou a dividir palco com artistas renomados, como Maria Cecília e Rodolfo, e participou de programas televisivos regionais, como relatou em entrevista à TV Morena, em 2024. O artista acumulava cerca de 240 composições inéditas, segundo relatos próprios, e mantinha uma presença discreta nas redes sociais, sendo pouco ativo em plataformas como Facebook, Instagram e TikTok, com pouco mais de 6 mil seguidores antes de seus perfis serem desativados.

Apesar da carreira musical, a trajetória de Yuri Ramirez foi marcada por múltiplos antecedentes criminais. O cantor colecionava condenações por tráfico de drogas, porte ilegal de armas, estupro e uso de documentos falsos. Em 2018, foi preso em Goiânia utilizando documento falso em nome de “Alexandre Nunes”, ocasião em que a Polícia Civil de Goiás o apontou como principal traficante de drogas e armas da região Noroeste da cidade e integrante de uma facção criminosa. As investigações indicaram que ele comercializou cerca de 800 quilos de maconha oriundos do Paraguai e mantinha atividades de contrabando de armas de fogo, além de já ter sido detido pela Polícia Federal com 20 quilos de droga em Mato Grosso do Sul. A casa onde morava passou a ser investigada como possível ponto de venda de entorpecentes. Ramirez estava foragido da Justiça sul-mato-grossense durante cinco meses antes de ser capturado em 2018.

O cantor havia obtido liberdade condicional há pouco mais de um mês e cumpria pena em regime domiciliar com monitoramento por tornozeleira eletrônica. Para cumprir exigência da Justiça de endereço fixo, residia com uma mulher que o acolheu — a mesma que foi abordada pelos assassinos durante o crime.

A motivação da execução, assim como a identidade dos responsáveis, segue sob apuração policial. As autoridades investigam se o assassinato tem relação com os antecedentes criminais do músico ou eventuais disputas ligadas à atuação em facções criminosas.